quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O direito de ficar sozinha

Várias vezes, em alguns sites ou programas de TV, repórteres questionam artistas que saíram sozinhos para ir ao cinema, Teatro etc., como se isso demonstrasse solidão, fracasso ou algo assim.


Eu olho de outra forma; admiro as pessoas que não se submetem a busca desesperada por alguém e sabem aproveitar a própria companhia. Isso, ao contrário do que parece, mostra desapego em um sentido bom – Mulheres e homens bem resolvidos que saem em busca de diversão, mas não precisam necessariamente estar acompanhados para apreciar a beleza de um lugar, uma boa comida, uma arte.


A beleza desses momentos, muitas vezes, esta justamente na simplicidade, no ato de poder olhar sem pressa, questionar, escolher unicamente o que nos dá prazer, sem preocupação com as pessoas a nossa volta. Essas, muitas vezes, não entendem o que precisamos, não estão com paciência ou simplesmente mantém o foco em outras coisas. O que é perfeitamente aceitável, cada um escolhe o que é mais interessante – E aí entra o NOSSO direito de querer curtir um momento só nosso.


A Primeira vista pode parecer individualismo, mas não é. As pessoas precisam entender que se não valorizarmos a nós mesmos, outra pessoa também não vai valorizar. Não do modo que merecemos e gostaríamos, muitas vezes. Se de vez em quando a gente não se olhar no espelho, não se aceitar, não questionar as nossas próprias vontades, outra pessoa, por mais esforço e amor que tenha, nunca vai conseguir nos alcançar.


E aí, vamos viver em um paradoxo desgastante e enlouquecedor; Queremos que os outros nos entendam, mas não conseguimos nos compreender. Queremos agradar o outro com nossa presença, mas não suportamos a nossa própria companhia.


Vivemos em busca de amor, mas... Não NOS damos amor algum.


Duas das maiores referências que eu tenho desse assunto, foram tiradas de livros (mas são verídicas); O psiquiatra Roberto Shinyashiki escreveu certa vez, em O poder da Solução, que uma mulher vivia basicamente para cuidar dos outros, sempre preocupada com os irmãos sem dinheiro, os sobrinhos na escola etc. Nunca havia apreciado nenhum detalhe sem deixar de pensar nos outros e como todo mundo que vive assim, muitas vezes abria mão de algum desejo pessoal para realizar os sonhos de outras pessoas. Certo dia foi necessário fazer uma viagem sozinha e ela sentiu medo, porque não estava acostumada a viver desse modo. Foi então que ela começou a olhar para os lados, sentir as coisas, olhar as pessoas que andavam sem se importar pelo fato dela estar sozinha. Pela primeira vez ela escolheu sua rota, sem ninguém para desviá-la disso. Satisfeita, ela foi até uma joalheria próxima e comprou uma aliança; Pela primeira vez em 40 anos, havia assumido um compromisso com ela mesma e suas vontades.


Eu sei que parece história retirada de livro de auto-ajuda, porque de fato é uma história retirada de um livro de auto-ajuda... No entanto, quantas pessoas vivem como essa mulher e quantos se dão o prazer de assumir sua vida, sem ser submissa a alguém, sem confiar sua felicidade nas mãos de outro ser?


Saber ser social e gostar, porque é indiscutível o quanto família e amigos são importantes para nós, é algo completamente natural, saudável, maravilhoso, porém não devemos ficar a espera de alguém que será responsável por nos fazer felizes ou torna-se o centro de nossas vidas (ou as duas coisas).


Nascemos livres e morremos ‘sozinhos’ porque somos capazes de nos cuidar e, principalmente, nos amar – Porque amor próprio nunca será dispensável.



* A segunda referência é, como muitos devem imaginar, a viagem  que a escritora Elisabeth Gilbert fez sozinha, durante um ano. Quer coragem maior do que essa ?

2 comentários:

  1. Obrigado Camila pelo o Parabéns, tem um tempo que a gente não conversa né, quando vc tiver no msn, vou ter pertubar hehe, eu acho que estar sozinho, não é uma causa rsrs, e sim uma opção :), um Bjooo linda. ^^ Um Abraço Fica Com Deus ;)

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  2. para tudo!
    eu 'SEMPRE' quis me dar uma aliança de compromisso comigo mesma, mas nunca tive... coragem! >_<
    sei lá, ia parecer coisa de doida - o que não nego de mim - e como ligo picas pro que pensam, não sei ainda por que não o fiz! [ou sei: insuficiência monetária, talvez rsrs].

    bem, eu acabo dizendo a mesma coisa, quando venho aqui, pois, de fato, vc me entende e sabe o quanto eu sou sozinha e... ah!, a gente é alma gêmea; verdade, verdade. rsrs
    então,eu vou só agradecer, já que nos últimos tempos não tenho conseguido escrever nada - algumas ideias, sim, mas transcrições, nenhumas praticamente. =/
    [cada vez mais] difícil pôr ordem à cabeça, quando ela trabalha junto ao peito... sabe?

    beijo, amorinha

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