segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ufanismo à brasileira.

Enfim, para o Brasil, a Copa do mundo terminou. No entanto, algumas questões ficaram para análise, seja pessoal ou de interesse coletivo; Como e por que um evento esportivo pode mobilizar um país (mundo?!) inteiro e assuntos como saúde pública, educação etc. tornar – se ainda mais secundário do que já é comum?

Copa do mundo trás para mim lembranças de uma infância em Caxias, com ruas pintadas, banderinhas em todos os cantos, torcida eufórica para ver os jogos, nada muito diferente do que é feito hoje dia. Naquela época, porém, eu só curtia e não tinha uma visão crítica sobre o assunto. Não que eu seja contra; Todos os esportes deveriam tem a mesma proporção da Copa, o mesmo incentivo e visibilidade.  Acredito que aqui no Brasil muitos estão andando em direção a isso; Temos notoriedade no Vôlei, na ginástica, na natação... Mas nada se compara ao consagrado futebol masculino, visto como o melhor do mundo.

A questão é que algumas coisas acabam passando dos limites e os brasilieros precisam aprender a resgatar isso, a dar atenção a questões do dia - a - dia e não só assuntos relacionados a copa, é necesário um cuidado constante com o país e não só a cada 4 anos.  Isso, aliás, é algo que me deixa atônita; O mesmo brasileiro que se pinta de verde e amarelo da cabeça aos pés durante essa época, ao passar todo esse clima, grita que mora na " porra " do Brasil quando ouve a canção de Legião Urbana ( Que país é esse ? ). 

Para mim, pode haver paralisação sim para que todos assistam os jogos; É sempre bom reunir pessoas queridas e compartilhar um momento universal. No entanto, isso deve acontecer sem atrapalhar a economia, as escolas, os hospitais etc. 

As crianças tinham as aulas suspensas por causa do jogo, que exemplo é esse ? Elas já se sentem pressionadas a estudar, são praticamente forçadas a desenvolver um bom desempenho acadêmico e tudo é deixado de lado por causa de um jogo ? E cadê a questão da prioridade, da moral, da educação ?

Nos hospitais, quem deveria definir o que é urgente ou não é o paciente, isso não deve ser discutido e decidido por uma equipe médica, baseada na questão de querer ver o jogo. Adiar cirurgias menores e, segundo eles, sem tanta importância é muito cruel. Não sabemos o quanto aquilo incomoda a pessoa, poxa. O que parece pequeno para nós, nem sempre é tão  superficial para outros, ainda mais tratando -se de doenças.

Minha vó que tem um restaurante aqui em Pedra, fechou nos dois dias em que o jogo foi trasmitido as 11:00, porque certamente o movimento seria fraco. Os clientes entendem, óbvio, porque elas comemoraram com churrascos.. Mas os fornecedores normalmente bateram na porta no dia seguinte; Quem cobra/ vende não quer saber se o lucro entrou ou não existiu.  A economia, as contas não são paralisadas por causa de jogo algum.

Alguns argumentam que mesmo que  houvesse aulas, comércios abertos etc., as pessoas não iriam até eles no momento do jogo. Pode até ser verdade, mas aí a pessoa teria opção de escolha; Nem todo mundo quer se sentir refém desse ufanismo à brasileira. 

Por fim, um alerta que foi um pouco divulgado no twitter hoje - NADA comparado aos tweets relacionados a copa do mundo, vuvuzela, Dunga, jabulani e afins, claro.


" Brasil ficou entre os 8 melhores do mundo no futebol e o povo ficou triste. É 85º em educação e n há tristeza nisso.Via @LBRN @lianamachado "