Estava tentando arrumar minhas gavetas quando, mais uma vez, me distrai com pensamentos... foi só por segundos, mas eu fiz uma viagem maravilhosa para dentro de mim, das minhas lembranças, tristezas e alegrias. Lembrei que tem tudo a ver com um livro que eu li recentemente, recomendação da minha amiga - poeta Rafaela; Magnólia, o livro, fala exatamente das reflexões diante de uma gaveta e nos remete a uma busca interior interessante e desafiante.
Junto dele, eu lembrei de um texto igualmente lindo que eu encontrei por acaso na internet, e na qual eu desconheço o autor ( infelizmente! ) Chama - se desapego - e essa palavra tem tomado uma proporção gigantesca em diversos aspectos da minha vida ...
Eu precisava limpar um pouco a sujeira do meu armário, tirar os papeis desnecessários, me desfazer de cadernos que eu não utilizo mais... encontrei coisas que eu nem lembrava que tinha, desde anotações a matérias de escola, revistas com assuntos que não me interessam mais... e eu fui separando ( ou tentando!) para me desfazer de tudo que eu não preciso. Mas eu já precisei. É estranho pensar que eu olho para essas coisas com indferença hoje, e que no passado tiveram tanta importância. É como se eu estivesse me desfazendo de sentimentos e emoções que foram os degraus para que eu construisse minha personalidade hoje. Cada anotação que eu encontrava eu recordava do momento que eu tinha feito, cada revista que eu (re) lia, me fazia lembrar dos motivos que me levaram a comprá - la... essa nostalgia é tão gostosa, trás uma saudade indescritível! E o melhor: conforta! Eu lembro que em muitos momentos eu estava triste, mas passou... todos os problemas no passado soam tão desinteressantes agora... e daqui a 5 anos, quando eu estiver novamente limpando meus armários, terei a mesma sensação. ( Que assim seja! )
E por que é tão difícil jogar fora as lembraças concretas se as temos aqui, registradas em nossas memórias, nossos corações ? Sem querer, acabamos fazendo isso com nossas vidas. Vamos acumulando um monte de informações, mágoas, medos, angustias e outros sentimentos desnecessários em nossos armários internos e mesmo quando estão amontoados de poeiras e sem espaço para registrar novas experiências, não conseguimos abandoná - los.
A dor é tão presente, queremos tanto que ela permaneça ao nosso lado que nem sentimos mais. Só quando remexemos é que vamos descobrir que ela ainda sangra, porque não permitimos que ela cicatrizasse. É mais fácil acomodá - la num canto escuro e seguro do que encará - la de sempre. É melhor afogar as mágoas em bebidas do que coloca- las para fora em forma de lágrimas e nos afogar em nosso próprio desespero. É mais fácil fingir que somos felizes do que assumir - mos tudo que faz doer. A vida é um palco e nós, eternos atores com um roteiro perdido em mãos.
A grande verdade é que todos nos temos vocação para tristeza; é mais fácil produzir com ela, grandes poesias e músicas foram construidas assim . É mais fácil assumir nossas fraquezas do que entrar na loucura do mundo de garras e dentes para mostrar nosso valor e conquistar um lugar ao sol. É mais fácil fazer as pessoas acreditarem que somos fracos para que elas possam sempre nos estender a mão e nos proteger.
Até que chega o grande momento; a gente se sente mal com tanta poeira, perdemos espaço e temos ainda muita coisa para guardar. É preciso abrir uma brecha. E aí vemos que fomos preenchendo espaço com coisas que, definitamente não mereciam valor. Mas a gente jura que tem importância.
São amores que não nos correspondem, beijos que não gostamos, amor que não dá prazer, amizades que não são verdadeiras, baladas que não valem a pena, livros desinteressantes, lembranças que poderiam ser queimadas.
Ter coragem para nos libertar disso é fundamental; encarar cada fanstamas da alma é um desafio gigante, uma questão de liberdade sem igual. É preciso materializar cada lixo, olhá - lo no fundo dos olhos e se despedir, jogá - lo nos abismo para que nunca mais volte a nos perturbar. Dar Tchau para o passado e sim para o futuro, para a vida.
Eu acho que tenho dado grandes passos em busca disso. Me sinto muito mais leve, mais madura e a mudança é visível para as pessoas que verdadeiramente me conhecem. Algumas já me disseram: " Vc está mais adulta, mais firme! " E eu fiquei feliz por isso porque a imagem infantil que mantinha era uma fuga, por que eu tinha medo de crescer, de encarar a mundo de frente, de fazer parte dele. Criei meu mundinho particular e ninguém podia ousar entrar. Só que esse mundo foi ficando pequeno, eu queria dividi - lo com as pessoas que eu amo. Mas como, não tinha mais espaço ...
Bom, vou divídi - lo assim: na gaveta um, a mais alta, fica minha base, meu alicerce: minha família amada, os primeiros amores eternos que eu conquistei. Na gaveta dois, os meus amigos - irmãos e meu eterno agradecimento pela força, carinho, risadas, momentos compartilhados e pra sempre recordados. Na terceira gaveta, meus colegas do dia - a - dia que me fazem rir e me levam para as melhores noites, becos e buracos de todos os cantos. Na quarta gaveta, o amor que eu ainda espero encontrar. Na quinta, as melhores lembranças, as mais gostosas fantasias, os mais bonitos planos, as mais lindas flores e as melhores poesias.
Pronto, está tudo arrumado agora. Pode entrar quem quiser. [ Só não vale bagunçar tudo de novo, por favor! ]
Escrito em 26.04.2009 - 04:30 da manhã.
Não pode bagunçar tudo de novo ??
ResponderExcluirAAAAAAh, não gostei !!
uhauhauhau...
Sacanagem... Adoro tudo o que você escreve !!
bjo
que amor! adorei!!
ResponderExcluircomo de costume - sem ser demais - concordo muito com vc. sobretudo com: "A dor é tão presente, queremos tanto que ela permaneça ao nosso lado que nem sentimos mais. Só quando remexemos é que vamos descobrir que ela ainda sangra, porque não permitimos que ela cicatrizasse."
pq, às vezes, é mais fácil mesmo. mas isso não quer dizer q seja melhor...
bom vc atentar.
vamos descobrindo!
beijos, amora!
a propósito: comentei q desapego tem sido O lema do momento?!
ResponderExcluir=*
Adorei o blog e já tô seguindo^^
ResponderExcluirBjos..